Mês: fevereiro 2010
o sonho e a matéria
se não soubesse que o dedo doído é produto da sua negligência e ansiedade, diria é que do trabalho duro em busca do sonho. se não fosse também pela poeira acumulada do lado da cama, o quarto seria o estopim, a oficina, o atelier, o esconderijo das distrações dos dias normais — a boemia trazida pra dentro de casa. o corpo exalta o sucesso; barriguinha profissional, barba por fazer, amigos silenciosos e pensamentos perdidos nos prazos de validade.
/cansa mesmo essa literatura que não é literatura, essa falsa erudição que sempre vivi. o sonho é pingo no i, é bola pra dentro. — me perco é na matéria, na minha barriga que mostra como a minha palavra é o ar de um cafajeste.
fermata [ou ~tem um cheiro de chuva no meu quintal]
! !
/um pouco a mais, um pouquinho a mais — além do necessário, e pouco demais pra eu poder me lembrar. hoje a chuva fincou meus sonhos no chão, dentro da lama, como essa coisa mesmo que vêm de um céu e pressiona o teto da gente pra alguma raiz que a gente não vê (mas se colocar a mão, percebe). como um quê de escondido, plantado e sem adubo, ao acaso e ao capricho, inocente, ten den ci o so. sempre. sempre. sempre. sempre.
winter classic
falar do tempo
do poema em
uma foto
em branco
e preto, huh
direto ao ponto
— mas eu fico dando volta quando tô nervoso