sobre o campo e as flores
abril 14, 2009 § 3 Comentários
– acho que quando coloco as palavras como palavras, elas perdem o sentido pra mim. eu gosto desse nada, do silêncio
– todo artista precisa da sua torre de observação
– acho que sim, mas eu gosto delas todas bagunçadas, não gosto de ver como elas se mexem, por isso não observo
– todo artista precisa da sua torre
– mas não tem nada meu, acho que tá tudo por aí, perdido, bagunçado mesmo
– é do que todo artista precisa
– acho que a gente não precisa de nada, e artistas são as coisas todas, a gente só enxerga um pouco…
– mas pra que serve o artista?
– todo mundo serve pra ver as coisas eu acho, e só, acho que a gente nasce pra isso, pra ver.
– a gente quer fazer demais, é isso?
– isso, se a gente visse, saberia como fazer o pouco que faria
– entendi, mas então dorme logo, amanhã temos muito o que fazer
e se a gente não visse saberia como não fazer… ou desfazer … se a gente não visse, a gente nada …
acorde dentro do sonho…
Esse texto me lembrou de duas coisas: 1- O Mário Quintana defendia que era melhor apenas falar, para que as palavras voassem, porque a palavra escrita é muito triste, é como aquelas borboletas mortas que os colecionadores pregam em algum lugar. 2- Amei isso de que a gente serve para ver! Li um livro do Jostein Gaarden em que o personagem dizia que, para que Deus pudesse ver toda a beleza da sua criação, de maneira completa, tinha espalhado milhões e milhões de seres vivos dotados de olhos, para enxergar através deles.
quem é o artista?
qualquer um.
o que é arte?
qualquer coisa.